terça-feira, 28 de junho de 2011

Leonardo Boff: Crise terminal do Capitalismo? - Pragmatismo Político

Reproduzindo do Blog Pragmatismo Político:
Leonardo Boff: Crise terminal do Capitalismo? - Pragmatismo Político

"O próprio capitalismo criou o veneno que o pode matar"
Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo,encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.

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A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugal 12% no país e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas, mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.

As ruas de vários países europeus e árabes, os "indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhóis gritam: "não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumossacerdotes do capital globalizado e explorador.

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Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da superexploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.

Carta Maior: Os arquivos da ditadura que os militares brasileiros querem ocultar

Reproduzindo do Site Carta Maior
Os arquivos da ditadura que os militares brasileiros querem ocultar 


Documentos da ditadura militar brasileira, obtidos pelo jornal Página/12, trazem detalhes inéditos dos arquivos que a presidenta Dilma Rousseff quer tornar públicos. Militares resistem à divulgação desses arquivos. Matéria publicada neste domingo no jornal argentino traz informações sobre atuação de Azeredo da Silveira, chanceler do general Geisel, que antes de assumir o Itamaraty comandou a embaixada na Argentina, onde teria sido um "pioneiro do terrorismo de Estado regionalizado". Da leitura de centenas de papéis em poder do Página/12 fica claro que os contatos eram frequentes, e grande a afinidade dos militares brasileiros com os golpistas de 1976 na Argentina. A reportagem é de Dario Pignotti.

“O ex-presidente argentino Juan Perón esteve na mira dos serviços de Inteligência brasileiros. Isso é quase um fato. Participei de reuniões com ele, se pressentia que nos vigiavam. Se abrirem os arquivos da ditadura, como quer a presidenta Dilma, surgirão mais provas disso”.

A afirmação é de João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Melchior Goulart, Jango, amigo do general argentino por mais de duas décadas. Transcorridos 47 anos da derrubada Jango e 38 de seus últimos encontros com Perón, provavelmente espionados por agentes brasileiros, “é hora de terminar com esse longo silêncio, ainda vivemos de costas para a história dos anos 70 devido às pressões de grupos ligados ao terrorismo de Estado”, lamenta João Vicente.

Dilma Rousseff parece compartilhar essa preocupação e, na semana passada, instruiu seus ministros, em particular a titular de Direitos Humanos, Maria do Rosário, para que convençam o Congresso a aprovar imediatamente o projeto sobre a Comissão da Verdade, contra o qual se insubordinaram os chefes das forças armadas em dezembro de 2009.

“Certo dia estava em um hotel de Madri, com papai, atendi o telefone e alguém me disse: “Quero falar com Janguito, diga que sou o general Juan Perón. Eu não podia acreditar, mas era verdade. Perón estava do outro lado da linha para convidar Jango para uma conversa na residência da Porta de Ferro. Creio que era o início de 1973”, relatou Goulart ao Página/12.

“Em uma ocasião, falou-se da possibilidade de haver um acordo. Meu pai (fazendeiro) venderia carnes no marco de um plano trienal que iria ser implementado pelo governo peronista, mas que fracassou por influências do bruxo”, apelido pelo qual era conhecido José López Rega. “Ocorreram mais reuniões com Perón, outra foi em Buenos Aires. Lembro que algumas pessoas nos diziam que os serviços de Inteligência estavam rondando por ali”.

Algo parecido ocorria com o ditador Ernesto Geisel, que se referia ao argentino como a “Múmia” e o excluiu de sua cerimônia de posse, no início de 1974, da qual participaram o chileno Augusto Pinochet, o boliviano Hugo Banzer e o uruguaio Juan María Bordaberry. Geisel iniciou um período de mudanças na política externa, conhecido como “pragmatismo responsável”, caracterizado pela abertura de relações com países do Terceiro Mundo e menor alinhamento com os Estados Unidos. Este giro não implicava o fim da estratégia de contenção do comunismo. Outra marca de sua política externa foi a intensa, e por vezes contraditória, relação com o secretário de Estado, Henry Kissinger. Nenhum chanceler teve mais sintonia com Kissinger do que Francisco Azeredo da Silveira, que esteve no cargo durante o quinquênio de Geisel.

Antes disso, Azeredo comandou a embaixada na Argentina, “onde foi um pioneiro do terrorismo de Estado regionalizado; em 1970 foi o responsável pelo sequestro em Buenos Aires e transporte ilegal ao Brasil do coronel Jefferson Cardin, um militar nacionalista e brizolista que foi meu companheiro na prisão do Rio de Janeiro”, diz Jarbas Silva Marques, prisioneiro político entre 1967 e 1977. “Jefferson Cardin me disse na prisão do Rio que Azeredo da Silveira, sendo chanceler, sabia tudo sobre a Argentina e certamente sabia dessa possível espionagem sobre Perón e mandava a embaixada colaborar com os golpistas”.

“Essa é uma história pesada, estamos falando do chefe da diplomacia brasileira entre 1974 e 1979. De uma política de Estado. Até hoje há gente querendo esconder essa história debaixo do tapete, há muita pressão. Vemos o presidente do Senado, José Sarney, fazendo lobby a favor dos militares para impedir que Dilma abra os arquivos, disse Silva Marques ao Página/12.

É impossível fazer uma reconstrução acabada de todos os movimentos da diplomacia brasileira e seus pactos com os golpistas argentinos, devido à falta de documentação suficiente. Da leitura de centenas de papéis em poder do Página/12 fica claro que os contatos eram frequentes, e grande a afinidade com aqueles que perpetrariam o golpe de 1976. A guerra suja já lançada então contra a “subversão” era aprovada.

O telegrama “secreto” enviado pela embaixada brasileira no dia 3 de setembro de 1975 dá conta de uma “longa conversa” com os “comandantes Jorge Videla e Eduardo Massera”, que expressaram seu interesse em “estimular por todos os meios a aproximação das Forças Armadas” de ambos os países. Em outra mensagem “confidencial”, de 19 de fevereiro de 1975, fala-se sem eufemismos da coordenação repressiva. A nota relata um encontro oficial de diplomatas brasileiros com o ministro da Defesa argentino, Adolfo Savino, quando se tratou com “total franqueza da necessidade de um profundo entendimento de nossos países frente aos inimigos comuns da subversão”.

Durante sua conversa com o Página/12, o filho de João Goulart e Jarbas Silva Marques lamentaram o “atraso” histórico do Brasil frente a Argentina, o Chile e o Uruguai, onde “houve um ajuste de contas com a história e a verdade”, mas manifestaram esperança de que essa situação possa ser revertida. Eles, assim como vários organismos de direitos humanos, confiam no compromisso com a verdade assumido por Dilma Rousseff, vítima de prisão e torturas durante o regime militar, assim como na pressão internacional. Citam o exemplo da decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos que condenou o Estado brasileiro por não julgar os crimes da ditadura.

Tradução: Katarina Peixoto

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Visitas no São João em Coité!

Tive o prazer de estar presente em várias localidades de Coité nesse São João, parabéns a esse povo da Luta que se empenha em perpetuar a cultura junina em nosso município!


Forró da Aroeira - antes do Forro do Jegue
Forró do velho Dinho (Cachorrinha)

Forro do Colégio de Bandiaçu
Forró Alto Bonito
Forro Tanque Novo
Forro da Tonha 
Forró VI Quadrilha do ABC - Salgadália.
Forro do Tubi
Forro do Divino Mestre

Arraía do Cangaço da Escola Antônio Bahia
Forró da Goiabeira
Forró do Colégio Yêda Barradas
Alvorada de Bandiaçu 











Carta Maior: A FAO e a importância da eleição de Graziano


A FAO e a importância da eleição de Graziano

Além da notoriedade acadêmica e do desempenho técnico de José Graziano, sua candidatura tem recebido numerosas adesões em decorrência do seu papel no primeiro mandato do Presidente Lula, quando arquitetou e liderou a implantação da estratégia de combate à fome. Como Ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome, coordenou a montagem de uma das mais importantes políticas públicas da história do Brasil, a política de segurança alimentar a partir do Programa Fome Zero, que levou nosso país aos monumentais resultados de redução da fome registrados pelo IBGE. O artigo é de Afonso Florence.

Neste domingo, serão realizadas, em Roma, eleições para a Direção Geral da FAO. Sigla em inglês da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a FAO promove ações de cooperação e solidariedade no âmbito da agricultura, desenvolvimento agrário, segurança alimentar e combate à desnutrição, atuando em 191 países.

O Brasil está apresentando um candidato, o Prof. Dr. José Graziano, renomado pesquisador da área, conhecido ativista da causa e que possui uma trajetória dedicada ao avanço da produção de alimentos saudáveis e da política de segurança alimentar. Zé Graziano, como é carinhosamente conhecido nosso candidato, é diretor licenciado da FAO para a América Latina, função que desempenhou com enorme destaque internacional.

Entretanto, além da notoriedade acadêmica e do desempenho técnico de Zé Graziano, sua candidatura tem ganhado numerosas adesões em decorrência do seu papel no primeiro mandato do Presidente Lula, quando arquitetou e liderou a implantação da estratégia governamental de combate à fome. Como Ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome (MESA), coordenou a montagem de uma das mais importantes políticas públicas da história do Brasil, a política de segurança alimentar a partir do Programa Fome Zero, que levou nosso país aos monumentais resultados de redução da fome registrados pelo IBGE.

É inconteste que o Brasil viveu nestes últimos anos a maior mobilidade social da sua história. Mais de 28 milhões de homens e mulheres saíram da situação de pobreza, 36 milhões entraram na classe média. Hoje, todos têm a convicção de que nosso país pode ser cada vez mais generoso com nosso povo, crescendo com felicidade e bem estar. Estes resultados foram obtidos em decorrência da implantação de um novo modelo de desenvolvimento, onde crescimento econômico combina com distribuição de riqueza, programas de transferência de renda e inclusão produtiva se completam.

Esta experiência brasileira já tem sido observada e utilizada por outros países. Em maio de 2010, durante o encontro internacional ‘Diálogo Brasil-África para o Combate à Fome e à Desnutrição’, o Presidente Lula declarou o compromisso brasileiro com os países menos favorecidos que nos solicitam apoio.

Mais recentemente somaram-se à candidatura de Zé Graziano a declaração de apoio da Presidenta Dilma Rousseff e a repercussão na opinião pública internacional do lançamento pelo governo brasileiro do Plano Brasil Sem Miséria. A trajetória positiva da nossa história recente faz da nossa candidatura, mais do que uma postulação viável, uma esperança para dezenas de governantes de países pobres de verem executados na FAO programas que, inspirados na experiência brasileira, contribuam decisivamente para o desenvolvimento agrário, a erradicação da miséria e o combate à fome em seus respectivos países e continentes.

(*) Afonso Florence é ministro do Desenvolvimento Agrário

Carta Maior: Luta contra a fome pode ganhar novo patamar estratégico


Reproduzindo do Site: Carta Maior

Luta contra a fome pode ganhar novo patamar estratégico

A eleição de José Graziano da Silva para a direção da FAO expressa o reconhecimento internacional das políticas de combate à fome e à pobreza implementadas no Brasil nos últimos anos. Para além da inspiração, essas políticas podem levar o debate sobre a produção de alimentos e o combate à fome no mundo para um novo patamar, especialmente no âmbito da OMC. Essa é a avaliação dos ex-ministros do governo Lula, Celso Amorim (Relações Exteriores) e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), e do atual ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, ouvidos pela Carta Maior a respeito do significado e das possibilidades abertas a partir da vitória de Graziano.

Para o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, o significado da eleição de José Graziano da Silva para a direção-geral da FAO deve ser avaliado em uma conjuntura de longa duração. Um dos elementos dessa conjuntura é a reunião do G-20 agrícola, realizada semana passada, em Paris. Florence e o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, representaram o governo brasileiro neste encontro que reuniu ministros da agricultura do G-20, grupo que reúne os países ricos e as principais economias emergentes. O documento final do encontro, destaca o titular do MDA, coloca a FAO em um novo patamar estratégico na luta contra fome no mundo. Os países do G-20 concordaram em aumentar a produção agrícola para atender à crescente demanda mundial.

O combate à pobreza extrema faz parte deste cenário mais amplo, afirmou Florence, direto de Roma, em entrevista concedida por telefone à Carta Maior. E é este cenário desafiador que aguardar o novo diretor-geral da FAO. Ao falar sobre o resultado da eleição, o ministro do Desenvolvimento Agrário destacou, além do currículo e da qualificação individual de Graziano, o trabalho da diplomacia brasileira, do ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, do ex-presidente Lula, da presidenta Dilma Rousseff. “A vitória expressa o reconhecimento pelo trabalho que o Brasil vem desenvolvendo na luta contra a fome, principalmente junto aos países do hemisfério Sul que depositam uma grande expectativa nos programas sociais do governo brasileiro”.

Ao mesmo tempo que sinaliza esse reconhecimento, a eleição de Graziano aumenta a responsabilidade do Brasil nesta luta contra a fome e a pobreza no mundo. O país, admitiu o titular do MDA, já exerce uma liderança mundial nesta luta, com uma crescente expectativa sobre políticas sociais que vem sendo implementadas nos últimos anos, como os programas de incentivo à agricultura familiar e o Bolsa Família. “Sem dúvida, a nossa responsabilidade aumentará e o nosso protagonismo no cenário internacional também tende a aumentar. Há uma demanda interna crescente de ações da FAO, especialmente nos países mais pobres, e o Brasil tem um papel importante a desempenhar para ajudar a atender essa demanda”, observou Afonso Florence.

“Brasil colocou a questão da fome no cenário mundial”
“Um grande êxito”. Com essas palavras, o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, resumiu o significado da eleição de Graziano para a direção-geral da FAO. “Essa vitória tem um significado especial”, acrescentou. “É o reconhecimento de que o Brasil colocou a questão da fome no cenário mundial e indica que o país seguirá central neste tema”. Celso Amorim salientou ainda que Graziano enfrentou candidatos muito fortes na disputa. Além do ex-chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos (superado pelo brasileiro no segundo turno por apenas quatro votos), havia ainda o candidato da Indonésia, Indroyono Soesilo, que contava com o apoio dos países islâmicos. “Foi uma vitória de peso em um tema que é central para nós”, enfatizou. “Estão de parabéns José Graziano, a presidenta Dilma, o ex-presidente Lula, o ministro Antônio Patriota, a diplomacia brasileira e todos os ministros que trabalharam por essa vitória”.

Amorim lembrou que, desde Josué de Castro, o Brasil não ocupava um posto desta importância na FAO. O autor de “Geografia da Fome” foi presidente do Conselho da FAO entre 1952 e 1956. Ele parabenizou o governo Dilma, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e também o ex-presidente Lula pela implementação das políticas públicas que colocaram o Brasil na agenda mundial do combate à fome. A eleição de Graziano agora, acrescentou Amorim, envia também a mensagem de que combater a fome é algo fundamental. “As pessoas vão querer saber mais sobre o que foi feito e sobre o que está sendo feito no Brasil nesta área. O Brasil mostrou que é possível ter crescimento econômico e combate à fome andando juntos”.

Retirar os alimentos da agenda da financeirização
O ex-chanceler brasileiro também destacou o fato de que a presença de Graziano na FAO pode reforçar a posição do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) e abrir novos espaços políticos. A agricultura está hoje no centro das negociações comerciais da OMC. Essa mesma possibilidade foi destacada por Miguel Rossetto, ex-ministro do Desenvolvimento Agrário e atual presidente da Petrobras Biocombustível. “A FAO é a maior organização da ONU em termos de orçamento e estrutura e tem, portanto, uma grande capacidade de oferecer uma agenda positiva e incidir no debate sobre a produção de alimento para além dos limites impostos hoje na OMC. A FAO pode reposicionar essa agenda a partir do direito dos povos, retirando-a da agenda da financeirização. O que predomina hoje é um padrão de especulação com os alimentos, o que significa uma especulação com a vida”.

A vitória de Graziano, acrescentou Rossetto, significa o reconhecimento de grande parte dos países do mundo da liderança que o Brasil passou a exercer nos programas de combate à fome. “Graziano liderou o Fome Zero e começou a implementar um marco institucional para esses programas, criando leis, políticas e instâncias. Graças a esse trabalho, o Brasil está preparado hoje para fazer avançar o combate à miséria”, disse o ex-ministro do MDA citando como exemplos de um novo Brasil os programas de fortalecimento da agricultura familiar, de aquisição de alimentos, a Conferência Mundial da FAO, realizada em 2003, em Porto Alegre, e o amplo conjunto de políticas implementadas pelo MDA, pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e por outros ministérios.


Fotos: http://www.expointer.rs.gov.br 

Blog do Emir: A rebeldia dos jovens que nos faz tanta falta

Reproduzindo do Blog do Emir Sader :  A rebeldia dos jovens que nos faz tanta falta













Entre tantas frases estimulantes e provocadoras que as rebeliões populares no mundo árabe e agora na Europa, essencialmente protagonizada por jovens, fizeram ecoar pelo mundo afora, a que mais nos incomoda – com toda razão – é aquela que diz: “E quando os jovens saíram às ruas, todos os partidos pareceram velhos.”

Aí nos demos conta – se ainda não tínhamos nos dado – da imensa ausência da juventude na vida política brasileira. O fenômeno é ainda mais contrastante, porque temos governos com enorme apoio popular, que indiscutivelmente tornaram o Brasil um país melhor, menos injusto, elevaram nossa auto estima, resgataram o papel da política e do Estado.

Mas e os jovens nisso tudo? Onde estão? O que pensam do governo Lula e da sua indiscutível liderança? Por que se situaram muito mais com a Marina no primeiro turno do que com a Dilma (mesmo se tivessem votado, em grande medida, nesta no segundo turno, em parte por medo do retrocesso que significava o Serra)?

A idade considerada de juventude é caracterizada pela disponibilidade para os sonhos, as utopias, a rejeição do velho mundo, dos clichês, dos comportamentos vinculados à corrupção, da defesa mesquinha dos pequenos interesses privados. No Brasil tivemos a geração da resistência à ditadura e aquela da transição democrática, seguida pela que resistiu ao neoliberalismo dos anos 90 e que encontrou nos ideais do Fórum Social Mundial de construção do “outro mundo possível” seu espaço privilegiado.

Desde então dois movimentos concorreram para seu esgotamento: o FSM foi se esvaziando, controlado pelas ONGs, que se negaram à construção de alternativas, enquanto governos latino-americanos se puseram concretamente na construção de alternativas ao neoliberalismo; e os partidos de esquerda - incluídos os protagonistas destas novas alternativas na América Latina -, envelheceram, desgastaram suas imagens no tradicional jogo parlamentar e governamental, não souberam renovar-se e hoje estão totalmente distanciados da juventude.

Quando alguém desses partidos tradicionais – mesmo os de esquerda – falam de “politicas para a juventude”, mencionam escolas técnicas, possibilidades de emprego e outras medidas de caráter econômico-social, de cunho objetivo, sem se dar conta que jovem é subjetividade, é sonho, é desafio de assaltar o céu, de construir sociedades de liberdade, de luta pela emancipação de todos.

O governo brasileiro não aquilata os danos que causam a sua imagem diante dos jovens, episódios como a tolerância com a promiscuidade entre interesses privados e públicos de Palocci, ou ter e manter uma ministra da Cultura que, literalmente, odeia a internet, e corta assim qualquer possibilidade de diálogo com a juventude – além de todos os retrocessos nas políticas culturais, que tinham aberto canais concretos de trabalho com a juventude. Não aquilata como a falta de discurso e de diálogo com os jovens distancia o governo das novas gerações. (Com quantos grupos de pessoas da sociedade a Dilma já se reuniu e não se conhece grandes encontros com jovens, por exemplo?) 

Perdendo conexão com os jovens, os partidos envelhecem, perdem importância, se burocratizam, buscam a população apenas nos processos eleitorais, perdem dinamismo, criatividade e capacidade de mobilização. E o governo se limita a medidas de caráter econômico e social – que beneficiam também aos jovens, mas nãos os tocam na sua especificidade de jovens. Até pouco tempo, as rádios comunitárias – uma das formas locais de expressão dos jovens das comunidades – não somente não eram incentivadas e apoiadas, como eram – e em parte ainda são – reprimidas.

A presença dos jovens na vida publica está em outro lugar, a que nem os partidos nem o governo chegam: as redes alternativas da internet, que convocaram as marchas da liberdade, da luta pelo direito das “pessoas diferenciadas” em Higienópolis, em São Paulo, nas mobilizações contra as distintas expressões da homofobia, e em tantas outras manifestações, que passam longe dos canais tradicionais dos partidos e do governo.

Mesmo um governo popular como o do Lula não conseguiu convocar idealmente a juventude para a construção do “outro mundo possível”. Um dos seus méritos foi o realismo, o pragmatismo com que conseguiu partir da herança recebida e avançar na construção de alternativas de politica social, de politica externa, de politicas sociais e outras. Os jovens, consultados, provavelmente estarão a favor dessas politicas.

Mas as mentes e os corações dos jovens estão prioritariamente em outros lugares: nas questões ecológicas (em que, mais além de ter razão ou não, o governo tem sistematicamente perdido o debate de idéias na opinião pública), nas liberdades de exercício da diversidade sexual, nas marchas da liberdade, na liberdade de expressão na internet, na descriminalização das drogas leves, nos temas culturais, entre outros temas, que estão longe das prioridades governamentais e partidárias.

Este governo e os partidos populares ainda tem uma oportunidade de retomar diálogos com os jovens, mas para isso tem assumir como prioritários temas como os ecológicos, os culturais, os das redes alternativas, os da libertação nos comportamentos – sexuais, de drogas, entre outros. Tem que se livrar dos estilos não transparentes de comportamento, não podem conciliar nem um minuto com atitudes que violam a ética publica, tem que falar aos jovens, mas acima de tudo ouvi-los, deixá-los falar. Com a consciência de que eles são o futuro do Brasil. Construiremos esse futuro com eles ou será um futuro triste, cinzento, sem a alegria e os sonhos da juventude brasileira.
Postado por Emir Sader às 05:06

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Comunicado: Professor Danilo

Prezados,

Comunico que, apesar do acidente que sofri ontem na estrada de Aroeira, quando me encaminhava para a Festa com meus assessores, estamos todos bem e Graças a Deus não tivemos nada.
Divulgo essa nota de esclarecimento para os que ouviram a notícia possam estar a par de nossa condição física real.
Foi somente um susto! Agradeço a todos que estão entrando em contato.

Atenciosamente,

Danilo José Ramos de Oliveira

sábado, 18 de junho de 2011

Blog da Maria Frô: Lula na abertura 2º blogprog: "Vocês evitaram que a sociedade brasileira fosse manipulada como durante muito tempo foi"

Lula na abertura 2º blogprog: "Vocês evitaram que a sociedade brasileira fosse manipulada como durante muito tempo foi"

Junto com o blogueiro Ênio Barros, do blog PTremdastreze, tive a honra de compor a mesa de abertura do Segundo Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas com a presença do ex-presidente Lula e o Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

Logo que o ex-presidente Lula saiu da mesa a tag 2blogprog estava em 1º lugar no Trending Topics brasileiro.

Mais uma vez pautamos a grande mídia, ela esteve em massa presente na abertura do 2º Encontro e foi bem recebida. Como vocês podem ver nós, blogueiros sujos, não discriminamos o PIG

O Ex-presidente Lula fez uma fala emocionada: reconheceu a importância da blogosfera progressista como contraponto da mídia institucional durante os seus dois mandatos e, especialmente, durante a campanha eleitoral. Com todas as letras, agradeceu à blogosfera na luta pela democratização da comunicação, por não ter permitido que factóides decidissem os rumos da eleição presidencial.

“Vocês evitaram que a sociedade brasileira fosse manipulada como durante muito tempo foi. Vocês evitaram que os chamados falsos formadores de opinião pública que, às vezes, não convencem nem quem está em casa assistindo, ditassem regras.”

Lula, dirigindo-se às autoridades presentes, disse que elas não temessem dialogar com blogosfera. Ao final, assediado pela imprensa que gritava PRESIDENTE, PRESIDENTE, ele respondeu: EX-PRESIDENTE e saiu do recinto.

O ministro Paulo Bernardo abordou em sua fala as mudanças no Plano Nacional de Banda Larga, Marco Regulatório e dos Correios.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O MOTOR DE SISAL NUNCA CORTOU UM DEDO DOS TRABALHADORES.

O MOTOR DE SISAL NUNCA CORTOU UM DEDO DOS TRABALHADORES.

Danilo José Ramos de Oliveira[1]


É inadmissível que a ferramenta seja a culpada pelas mazelas sociais geradas pela superexploração do capital sobre o trabalho na economia sisaleira. Infelizmente, a história de debates em torno da baixa produtividade, dos parcos rendimentos e das mutilações de trabalhadores, focou, de forma equivocada, a questão tecnológica, fato este que constitui um erro dos movimentos de base, induzido pela burguesia do sisal.
Esta situação deslocou o centro da luta política e social, que é a redução da mais- valia extraída da classe trabalhadora para o problema do progresso tecnológico, induzindo os movimentos sociais a terem, de forma errada, entre as suas principais bandeiras de lutas a substituição do motor mutilador (que passou a ser visto como um ser vivo devorador de dedos, mãos e braços) e a diversificação do uso da planta, que é subutilizada diante de seu grande potencial e, por isso, limita o desenvolvimento desta economia.
Tal discussão suscita questionamentos que são importantes para compreender os interesses que estão por trás desses postulados que retiram da tecnologia sua função real dentro do modelo capitalista que, por sua vez, quer garantir os lucros do capital dentro do sistema produtivo. O primeiro é por que os capitalistas não resolveram ainda o problema tecnológico? Segundo, por que as tentativas do movimento social, que reuniram muito investimento público, porém, com pouca eficácia, vide faustinos (nova máquina que não mutila), também não resolveram o problema dos baixos rendimentos dos trabalhadores, isto é, a mutilação econômica que as relações sociais de produção promovem?
O primeiro questionamento pode ser analisado a luz do que diz o pensador marxista argentino Cláudio Katz[2] “No capitalismo, a produção está sujeita a aceleração e freios periódicos, que determinam a intensidade da inovação”. Traduzindo para a realidade sisaleira, se os capitalistas não introduziram ainda uma nova técnica de desfibramento é porque o conjunto das forças produtivas aplicado na cadeia do sisal está atendendo às necessidades de extração de mais- valia absoluta, isto é, do sobretrabalho nesta atividade econômica. Observa-se que, quando esta ferramenta de beneficiamento primário, o motor, foi repassada aos trabalhadores, em torno da década de 1970, livrou o empresariado de todas as responsabilidades trabalhistas e previdenciárias com toda a categoria, além disso, o repasse da máquina, capital constante, aumentou a composição orgânica do capital para os trabalhadores reduzindo seus rendimentos. Observa-se também que esta fase inicial da produção está alienada às etapas seguintes de beneficiamento e comercialização, que são controladas pelos capitalistas e acabam por controlar a agregação de valor, neste primeiro momento, a partir da política de preços.
Como conseqüência deste modelo, os trabalhadores são obrigados a intensificar o ritmo de trabalho para garantir os parcos ganhos que ficam no nível apenas de reprodução precária da força de trabalho e geram efeitos devastadores sobre os corpos dos mesmos, sendo esta a razão dos altos índices de acidentes que mutilam os corpos e a alma dos homens e mulheres que sobrevivem desta atividade econômica. É preciso retirar, assim, de forma justa, a culpa das máquinas que historicamente foram acusadas de cortar dedos, mãos, braços e, por fim, sangrar a alma dos sujeitos laborais em questão. Neste momento peço desculpas, mas não poderia deixar de ironizar a situação animando este ser inanimado tão injustiçado durante anos de forma racionalizada pelos donos do capital e de forma inconsciente pela classe trabalhadora.
Esta análise demonstra que as máquinas não possuem vida e que as condições reais das forças produtivas da cadeia do sisal, apresentadas hoje em nossa região, são as necessárias para a manutenção da taxa de lucro, que enriquece cada vez mais o principal grupo econômico, família Rios e associados externos, em detrimento dos demais empresários, que são obrigados a mudar de atividade ou se submeter ao seu controle e dos trabalhadores, os mais penalizados neste processo e que, gradativamente, também vão fugindo com todas as dificuldades pra outras atividades econômicas, principalmente para a construção civil inflada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Esta situação talvez tenha provocado todos esses rebuliços do capital monopolista, que volta a culpar o motor e o governo pela falta de investimentos no setor; outro fato que também não se sustenta, tendo em vista os incentivos à pesquisa e as ações da CONAB desenvolvidas na região.
Na verdade, essa movimentação do capital monopolista, diante principalmente da redução da mão-de-obra, capital variável gerador de mais-valia, tem como horizonte pressionar o governo a bancar ou subsidiar a mudança técnica, eliminando os custos com o capital constante, tal como a antiga máquina desfibradora africana ou outra ação inovadora, tão importante para a manutenção da taxa de lucro do setor. Compreendido isto, cabe aos trabalhadores e ao movimento sindical da região ficar de olhos bem abertos para evitar qualquer política pública que ajude a continuar a superexploração do trabalho pelo capital nesta atividade econômica.


[1] Professor de História da Rede Estadual de ensino, licenciado pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Vereador do município de Conceição do Coité, pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
[2] Marx e a tecnologia. In: COGGIOLA, Oswaldo. Marx e Engels na história. São Paulo: Xamã, 1996.